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2025-02-24

Scholastique Mukasonga na FLIP 2017

Scholastique Mukasonga na FLIP 2017

“O genocídio de Ruanda fez de mim uma escritora. Em 2004,quando tive coragem de ir à minha cidade-natal tomei consciência do meucompromisso com a memória, porque eu podia escrever.” Uma das vozes africanas mais premiadas hoje, Scholastique Mukasongasobreviveu ao genocídio de Ruanda e, estabelecida na França, tornou-seescritora. Primeiro influenciada pela literatura da Shoah, iniciou uma série delivros autobiográficos com estreita ligação com a tragédia em seu país natal.Em 2010, publicou seu primeiro romance, NossaSenhora do Nilo, vencedor do Ahmadou-Kourouma e do Renaudot, em 2012. Avida em Ruanda, os conflitos étnicos que culminaram com o genocídio em 1994, afamília e a atuação feminina na reconstrução do país – Ruanda é hoje o únicopaís do mundo a ter maioria feminina no Parlamento – compõem a ficção daescritora, que vem ao Brasil pela primeira vez para participar da Flip 2017,que acontece de 26 a 30 de julho em Paraty.

 

A autora

Nascida em 1956, Scholastique Mukasonga conviveu desde a infância com aviolência e a discriminação oriundas dos conflitos étnicos em seu país.

Em 1960, suafamília foi forçada a ir viver em Bugeresa, uma das áreas mais pobres einóspitas de Ruanda. Anos depois, Mukasonga foi força a deixar a escola deserviço social em Butare e ir viver em Burundi.

Dois anosantes do genocídio em Ruanda, Mukasonga mudou-se para a França, onde vive atéhoje e publicou, pela Gallimard, o livro autobiográfico Inyenzi ou les Cafards,quemarcou sua entrada na literatura, em 2006. Foram publicados na sequencia Lafemme aux pieds nus, em 2008, e L’Iguifou, em 2010.

Seu primeiro romance, Notre-Dame du Nil, serápublicado no Brasil com o título Nossa Senhora do Nilo e tradução de Marília Garcia pela Nós, por ocasião da Flip,marcando a estreia da autora no mercado brasileiro.

Ganhador dos prêmios Ahamadou Kourouma e do Renaudot em 2012 e dos prêmios Océans France Ô,em 2013, e do French Voices Award, em 2014, o romance se passa em Ruanda, num colégio de Ensino Médio para jovem meninas, situado no cume Congo-Nilo a 2500 metros de altitude, perto das fontes do grande rio egípcio, onde garotas de origem Tutsi são limitadas a 10% do corpo de alunos.

Além de Nossa Senhora do Nilo, a Nós publicará –também com tradução de Marília Garcia – o romance-memorialista La femme aux pieds nus (A Mulher de Pés Descalços), sobre o relacionamento da autora com sua mãe, que morreu com os pés descalços –contrariando a tradição local – pela ausência da filha.

“Scholastique Mukasonga é uma nova voz da África estabelecida com prestígio no circuito literário francês, o que quer dizer que temos livros que merecem ser lidos pela grande qualidade e, além disso, também temos uma autora com uma história de vida interessante e admirável de conhecer”, afirma a curadora da Flip 2017, Joselia Aguiar.

“A estreia da Scholastique Mukasonga no Brasil não poderia acontecer em um momento mais propicio, no qual o país se defronta com uma série de divisões que esgarçam o tecido social”,afirma Mauro Munhoz, diretor-geral da Flip. “A vinda da Scholastique permitirá a experiência de compreender a presença feminina na política em um contexto muito particular, como o de Ruanda.”

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