Flip 2018: Museu da Língua Portuguesa leva para festa exposição inédita, gastronomia e sarau
RIO — Depois de passar por Cabo Verde e Angola, a exposição “A Língua Portuguesa em nós” enfim chega ao Brasil: ela é a atração principal da programação que o Museu da Língua Portuguesa preparou para a Flip.
Entre a próxima quarta e o domingo (25 a 29/7), quando acontece a festa literária, a mostra ocupa a Casa da Cultura, no Centro Histórico de Paraty. Com consultoria de conteúdo do compositor, escritor e professor de literatura José Miguel Wisnik, a exposição faz um passeio pela presença da língua portuguesa no mundo, o contato com outras línguas e a participação do idioma na formação cultural brasileira. Ela abre o caminho, na Flip, para uma celebração gastronômica e musical dos povos que compõem a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste).
‘O Museu não estabelece divisão entre o erudito e popular, tudo o que está ali são pérolas da língua portuguesa’
— Com a exposição, levaremos para Paraty esses nós, esses enlaces entre os povos que falam português — conta Deca Farroco, gerente de Projetos de Patrimônio e Cultura na Fundação Roberto Marinho, instituição que concebeu e implementou o Museu, em parceria com o governo de São Paulo. — E este ano estamos ampliando nossa participação na Flip. Teremos a língua que prova a comida, além da que fala sobre ela.
DE FERNANDO PESSOA A MC MARCINHO
Se em “A Língua Portuguesa e nós” o público em Paraty será convidado a deixar seu depoimento na cápsula de sotaques da exposição (e terá a oportunidade de conhecer um pouco dos sotaques do público que fez o mesmo quando ela passou por Cabo Verde e Angola), no Menu da Língua Portuguesa, ele poderá experimentar pratos da culinária dos países lusófonos.
Criado numa parceria entre o Museu e a Prefeitura de Paraty, o festival gastronômico conta com a adesão de 25 restaurantes da cidade, que irão preparar sua versão autoral para um prato típico de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe ou Timor-Leste.
— E os pratos serão harmonizados com livros de escritores dos respectivos países — adianta Deca Farroco, acrescentando que o Museu da Língua Portuguesa preparou uma seleção de obras lusófonas, disponível em uma das estantes da Livraria da Travessa de Paraty.
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E a culinária dos países de língua portuguesa também renderá debates, promovidos pelo Museu, com a curadoria da jornalista Mirna Queiroz. Na quinta (26), às 16h, “Literatura é para comer” reúne os escritores João Carrascoza, Alexandre Staut e Júlia Hansen com mediação da jornalista Mariana Filgueiras. Já na sexta, também às 16h, os escritores Geovani Martins, Isabela Figueiredo (de Moçambique) e Marcelo Maluf discutem a relação da culinária com lugares e épocas na mesa “Tratados afetivos”, sob a mediação da especialista em Teoria Literária Luciana Araujo Marques.
No sábado, às 22h, no Auditório da Praça, acontece o sarau “Inculta e bela”, com curadoria do jornalista Hugo Sukman, no qual os atores Ricardo Pereira, Betty Gofman e Julia Lemmertz costuram trechos de autores de língua portuguesa das mais diversas épocas e estilos — de Fernando Pessoa a MC Marcinho, passando por Caetano Veloso e Carlos Drummond de Andrade. Apresentações de grupos musicais do Brasil e da África, ao longo da Flip, completam a programação.
— O Museu não estabelece divisão entre o erudito e popular, tudo o que está ali são pérolas da língua portuguesa — explica Deca.
A participação do Museu da Língua Portuguesa na Flip é uma parceria da Fundação Roberto Marinho, Governo do Estado de São Paulo e Ministério das Relações Exteriores, com patrocínio da EDP, Grupo Globo e Itaú Cultural.