O boi, animal mitificado em várias culturas e civilizações, no Nordeste brasileiro é tema central de um ciclo de folguedos e de narrativas tradicionais. A partir destas narrativas e de outras formas poéticas sobre este tema, Constância utiliza a representação do boi e a persistência dessa no imaginário nordestino, para falar do próprio homem do sertão e sua precária sobrevivência.
Constância retrata, entre outras narrativas, a fuga do boi, com suas proezas para escapar dos vaqueiros. Somente pela ação da natureza é que ele é pego, capturado, porque a natureza é incerta, seus fenômenos se desenrolam de maneira inesperada.
O boi representa, por sua vez, o próprio negro que foge, ou seja, resgata a saga pela liberdade. Contra a força da natureza o ser humano é fraco, finito, impotente. O boi é forte, é astuto, conhece o sertão: o visível e o invisível. Mas a natureza é imprevisível. Sua sede leva o boi, sempre, a um riacho e, certa vez, o riacho está seco.
A criação de Constância se deu a partir do encontro de duas atrizes com um processo profundo de pesquisa teatral. O APA – Atelier de Pesquisa do Ator, núcleo de investigação teatral do Centro Cultural Sesc Paraty, sob a coordenação de dois dos mais importantes atores pedagogos em atividade no país: Stephane Brodt (AMOK) e Carlos Simioni (LUME), vem desde 2014 desenvolvendo técnicas que deem ao ator presença cênica em todo o seu potencial expressivo, através da mobilização do corpo e da voz. Permitir ao ator, deixar livres a imaginação e a emoção, a serviço da cena; ser um corpo sutil. Dentro deste ambiente altamente estimulante, Claudia Ribeiro e Joana Marinho, buscaram criar uma obra que, ao dar continuidade a essa pesquisa, pudesse dar voz a expressividade que ali surgia. Assim surgiu Constância.
Dramaturgia e Direção: Joana Marinho
Orientação: Stephane Brodt
Iluminação: José Alcântara
Figurinos: Joana Marinho
Pesquisa: Joana Marinho e Claudia Ribeiro
Com: Claudia Ribeiro e Joana Marinho