RIO – Paraty e Angra dos Reis receberam o título de Patrimônio Cultural e Natural pela Unesco no último mês de julho, depois de uma espera de dez anos desde a candidatura. Quem frequenta a região sabe que o reconhecimento é mais do que merecido: as duas cidades reúnem atrações históricas, culturais, belas praias e natureza diversa e preservada.Separamos alguns passeios que podem ser realizados por lá. Confira.
Paraty
Centro Histórico de Paraty
Não dá para conhecer Paraty sem percorrer as ruas de pedras e aprender um pouco sobre a história da cidade e do país. É como entrar num túnel do tempo até o Brasil Colonial, entre os séculos XVII e XIX. Estes detalhes podem ser desvendados com a ajuda de um guia. Duas vezes por dia, às 10h30m e às 17h, grupos saem do posto de informações turísticas rumo a duas horas (custa R$ 25 por pessoa).
Você já deve ter ouvido a expressão “sem eira e nem beira”, usada para definir uma pessoa que está passando por momentos ruins, sem rumo ou dinheiro. Logo no início do circuito, dá para entender a origem, olhando atentamente os casarões. Os telhados diferentes explicam a estratificação social no período colonial.
A primeira fila de telhas é a eira. Quando a casa tem uma segunda, é a beira. Algumas, mais seletas, chegam a ter a tribeira. Na sociedade, era assim. Era possível definir a condição social da família pelas camadas de telhados na sua casa. Com muito dinheiro, com tribeira. Os pobres, sem eira e nem beira.
Detalhes que ornamentam muitas casas intrigam os visitantes. São símbolos, triângulos, bases com três pedras: tudo remete ao três, número chave para os maçons. Se não é três, é 33. A simbologia está presente nos detalhes, em cada casa, em cada esquina.
Os guias explicam várias curiosidades do período colonial. São informações sobre a arquitetura, o uso dos casarões, a influência da maçonaria ou mesmo a forma de concepção das ruas e de escoamento da água.
A herança maçônica espalhada pela cidade desde meados do século XIX continua viva. Os símbolos serviam como forma de comunicação entre os moradores e os maçons que chegavam a Paraty. Assim, era possível saber os locais de acolhimento e onde poderiam procurar ajuda, por exemplo.
O centro histórico tem quatro igrejas, que guardam passados distintos. Cada uma era destinada a uma parte da população. A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios “pertencia” aos ricos. Foi concebida para ser a principal edificação da cidade. Nenhum prédio poderia ser maior que a matriz. De estilo neoclássico, com nave única e dois corredores laterais, conserva características do século XVIII, de quando foi construída. Tombada pelo Iphan em 1962, passou por uma ampla restauração em 2011.
A Igreja de Nossa Senhora das Dores era de uso exclusivo das mulheres aristocratas. Os escravos libertados frequentavam a Igreja de Santa Rita, onde fica o Museu de Arte Sacra, e os cativos só podiam entrar na Igreja de São Benedito e na Nossa Senhora do Rosário. Vale reservar um tempo apenas para conhecê-las, já que durante o passeio guiado não há tempo para se contemplar com calma o interior das construções.