SETE ESCRITORES BRASILIENSES PARTICIPAM DE ANTOLOGIA DA CASA DO DESEJO, LANÇADA NA FLIP 2018 | CONFIRA A PROGRAMAÇÃO
Com caixas e mais caixas de livros entre os braços, um bar com ares de livraria e um imenso repertório poético, Eduardo Lacerda tem feito, com a Editora Patuá, um trabalho bonito de se ver. Mantendo o ritmo da forte produção feita pelas pequenas editoras, a Patuá se firma, enfim, como um excelente de espaço para encontrar boa prosa e poesia contemporânea. Na próxima quinta-feira, dia 26 de julho, Eduardo reúne um time diverso em estilos, idades, regiões e trajetórias para lançar a Antologia Casa do Desejo, na Flip 2018. Por fim, é com muita alegria que ocupo um espaço entre as páginas desse projeto.
Confiei na Patuá para o lançamento do meu primeiro livro em uma felicidade tamanha. Por fim, é para ela que entrego o segundo e é com ela que realizo o sonho antigo de caminhar entre as ruas de Paraty durante uma edição da Flip 2018. A Festa Literária Internacional de Paraty chega a sua 16ª edição e se consagra como um dos mais importantes eventos de literatura do país. Em 2018, o número de escritoras supera o de escritores e, simultaneamente, a homenageada da vez é a poeta Hilda Hilst.
A Antologia da Casa do Desejo será lançada, enfim, em meio a uma programação extensa organizada pela Patuá e outras pequenas editoras na Flip 2018. Sete escritores brasilienses participam do projeto: Isabella de Andrade, Cinthia Kriemler, André Giusti, Rosângela Vieira Rocha, Alexandre Marino, Leo Almeida e Paulo Brombal. Para Eduarco Lacerca, que reúne um elenco tão plural, o trabalho do editor é também um recorte de suas escolhas.
FLIP 2018: DIVERSIDADE E POESIA
A Casa dos Desejos faz parte da programação paralela, que enriquece ainda mais a farta programação oficial. A Patuá organiza a Casa do Desejo ao lado de outras iniciativas e editoras, como o Mulherio das Letras, Mundaréu, Quase Oito, Reformatório, Editora Urutau, entre outras.
Além disso, na programação paralela da Flip 2018, lançamentos de livros, papo com autores, poesia, teatro e exposições se encontram entre as ruas, praças e janelas da cidade histórica. A pluralidade é, enfim, marca registrada do evento, que abre espaço para os estreantes enquanto reúne nomes consagrados.
“Quase sempre, são escolhas muito pessoais, quando temos liberdade de publicar apenas aquilo que achamos interessante. Enfim, em quase uma década editando literatura, vejo que os diálogos que estabelecemos são sempre além daquele que propomos, pois por mais que exista uma proposta editorial, dialogamos com o imprevisível, com a recepção de poesia, de literatura, de cultura e essa recepção é dinâmica, ela se altera com o tempo”, afirma, por fim, o editor.
CASA DOS DESEJOS: DIFERENTES TRAJETÓRIAS
Para ele, a forma como os leitores recebem a publicação de um livro de poemas e a forma como os leem pode mudar em pouco tempo. “Cada leitor reconstrói a literatura e isso é fascinante”. A escritora brasiliense Cinthia Kriemler lembra que Eduardo Lacerda é um sujeito agregador, qualidade rara nas pessoas.
“Ele tem se proposto a fazer, de tempos em tempos, publicações que envolvem diferentes gêneros: crônicas, contos, poetas e trechos curtos de romances. Além disso, essa representatividade em Paraty é ótima, ele vai lançar nomes fortes e reconhecidos. Há muitos escritores com consciência social e política naquela antologia. Tudo isso é uma manifestação política saudável e importante dentro da literatura”, destaca Cinthia.
A Flip 2018 acontece entre os dias 25 a 29 de julho, em Paraty (RJ) e a programação é tão diversa quanto potente. Temas atuais entram em cena e a festa literária promove o diálogo e a reflexão sobre amores, machismo, a existência e a finitude das coisas. A poética de Hilda Hilst permeia a base das discussões.
TRÊS PERGUNTAS PARA EDUARDO LACERDA, EDITOR DA PATUÁ
Com que leitores você busca dialogar?
Eu poderia dizer que inicialmente buscava dialogar com leitores de poesia, de literatura, dispostos a conhecer novos autores (quase sempre jovens) que publico, mas percebi que os leitores não-leitores, isto é, a maior parte das pessoas que leem nossos livros, mas não têm ainda o hábito da leitura, talvez sejam os leitores mais fascinantes, pois trazem leituras inusitadas, experiências novas. É realmente muito motivador perceber que, de algumas maneiras, nós ajudamos a criar novos leitores de poesia, de literatura, gosto de pensar que posso dialogar com esses leitores.
Como é possível acessar de maneira eficaz os novos leitores?
Penso, penso muito em como podemos atingir novos leitores. Acho que o escritor não necessariamente precisa pensar no público quando escreve. Por fim, você não escreve para um leitor ideal esperando aquele texto, aquele livro, isso limitaria muito o que pode ser a literatura.
Por outro lado, o trabalho de formar novos leitores passa por outros profissionais, passa pela educação, pela criação de novas bibliotecas, pela valorização dos profissionais envolvidos com o livro. Como revisores, ilustradores, passa pela democratização do acesso ao livro. Simultaneamente, passa pelo incentivo à criação de livrarias de rua, pela diminuição do preço do frete, pela valorização do escritor e sua profissionalização.
MÚLTIPLOS CAMINHOS
Para você, o que é preciso para ser um bom escritor atualmente, com um trabalho de qualidade e que se mantenha no mercado?
Para a literatura, eu acho que é importante esquecer o mercado e o meio literário, isso não é literatura. O mercado serve a interesses comerciais, o meio literário a interesses corporativistas, é só meio mesmo. Ainda mais, não é início e nem um fim. Claro, vivemos nesse mercado e nesse meio, precisamos pagar as contas, formamos naturalmente grupos de interesses comuns. Por fim, tudo isso é natural e acontece.
Mas a literatura deveria mesmo ser algo além de tudo isso. Então, se isso é um conselho, afinal, eu aconselho ao escritor, por fim, apenas escrever, procurar escrever bem, mas isso também é tão imprevisível. Pode-se perfeitamente escrever bem e não ser um bom escritor.
CONFIRA, ENFIM, A PROGRAMAÇÃO DA CASA DO DESEJO:
QUINTA-FEIRA – 26/7
10h Bate-papo: Publicações impressas: a experiência do Jornal Relevo, Revista Conhecimento Prático Literatura – Daniel Zanela e Lucas Lima
12h No Jardim, logo depois: Conversa sobre a Literatura produzida em Roraima com Devair Fiorotti, autor de “Urihi: nossa terra, nossa floresta”, Ed. Patuá.
14h: Oficina de Crítica Literária:Enxergando o mundo pelas lentes da Literatura – João Paulo Vani (EDUC)
14h: Bate-papo: Entre a crônica e o conto: nas margens da realidade e da ficção.
Filipe Pinho [Moinhos] /Gustavo Felicíssimo [Mondrongo]/Leonardo Valente [Mondrongo]
Marco Martire [Moinhos]
16h: Performance e Bate-papo: Corpo e Literatura
Djami Sezostre/ Norma de Souza Lopes / Sara Albuquerque
17h30: Logo depois, Bate-papo:Transgressão, niilismo, filosofia: a arte como provocação visceral da condição humana.
Giovane Rodrigues (mundaréu)/ Aline Leal
Matheus Arcaro (Ed. Patuá)
19h : Leitura Teatral das Cartas de Mora Fuentes
19h30: Bate-papo: Memórias da Casa do Sol – com Olga Bilenky e Daniel Fuentes
20h30: Lançamento O cordeiro da casa e Fábula de um rumo, de Mora Fuentes
20h30: Pocket show – Beth Braith Alvim
21h00 – Sarau Casa do Desejo + Lançamento oficial da Antologia da Casa do Desejo (Patuá) com Renato Pessoa e convidados
SEXTA-FEIRA – 27/7
10h: Logo, OFICINA: Ateliê: do processo criativo ao processo literário – Liniane Brum
10h – Batepapo: A atuação política na América latina no campo da bola e da literatura
Ellen Maria / Lívia Gonçalves Magalhães
12h Logo depois, Mesa: Literatura infanto-juvenil: imaginação e potência
Mediadora: Tati (quase oito) /Andréia Delmaschio (Cousa)/ Jalmelice Luz (páginas)/Luciana Peralva (quase oito)
14h: Contação de história com Vanessa Corrêa Local
14h – Simultaneamente, Bate-papo com editores: A FLIP é para todes?
Tatiana Kelly (quase oito)/Leida Reis (páginas)
Sálvio (Kotter)/Silvia (Mundaréu)/ Eduardo Lacerda (Patuá)/ Saulo Ribeiro (Cousa)/ Gustavo (Mondrongo)
15h: Lançamento e bate-papo com Raimundo Carreiro: livro: Condenados à vida, CEPE
16h: Bate-papo: Paralelos entre o golpe de 1964 e 2016: o papel da arte na resistência.
Sylvia Soares (Urutau)/ Wilson (Urutau)/ Rodrigo Novaes (Patuá)
Rosangela Vieira Rocha (Patuá)
17h30 Mesa: Plataformas de autopublicação – boas práticas para publicar um livro
Mediador: José Luis Goldfarb /Raíssa Pena (Catarse)/ Sabrina Abreu (jornalista e escritora)/Juliano Spyer
Ian Fraser
19H: Mesa: O lirismo no Haicai
Com: Jiddu Saldanha/ Silvio Valentin Liorbano/ Gustavo Felicíssimo (Mediador)
19h30 Logo a seguir, Lançamento Coletivo: Mulherio das Letras
20h30: SARAU: MULHERIO DAS LETRAS: Desejo
22h30: Apresentação teatral: O CADERNO ROSA DE LORI LAMBY – Glauce Guima
SÁBADO – 28/7
10h: OFICINA: Ilustração: quando o personagem sai do Livro – Amanda Esteves
10h: Lançamento e bate-papo com José Luiz Passos: Livro: Antologia fantástica da República Brasileira – Editora CEPE
10h – Batepapo: Coletivos de autoria feminina: Ana Carol (Confraria Poética), Sandra Regina de Souza (Senhoras Obscenas), Vanessa Ratton (Mulherio) – Penélope Martins (Mulheres que leem mulheres)
12h Batepapo: se te pareço noturna e imperfeita, falemos de desejo ao meio dia: amor e erotismo na literatura – Lilian Sais (Patuá), Natasha Félix, Marla de Queiroz (Patuá), Cris Vazques (Moinhos) + Pilar Bu (Kotter)
14h: OFICINA: Bruno Ribeiro – Oficina de Escrita Criativa
14h: Logo depois, Mesa: Ações poéticas das periferias: literatura, experiência e resistência das ruas
Bruna Mitrano/Binho/PowLiterarua/Ricardo Terto/ Pricila Gunutzmann (mediadora)
15h – Posteriormente, Lançamento e bate-papo com Eliane Robert Moraes: Livro: O corpo descoberto, CEPE.
16h – A seguir, Bate-papo: A escrita feminina “voando alto” nos 40 anos de Cadernos Negros e outros achados. Com Benedita Lopes, Elaine Marcelina, Esmeralda Ribeiro e Mari Vieira. Tula Pilar.
17H30 – Mesa: HILDA: A BOCA QUE PRONUNCIA O MUNDO
Gerusa Zelnys (Mediadora)/Carla Muhlhaus (Patuá)/ Mariana Basílio (Patuá)/ Deneval Siqueira de Azevedo Filho/ Marina Costin (Educ)
19h – A escrita de mulheres, invisibilidade histórica, resistência e discussão contemporânea.
Ceila Maria/Solange Padilha/ Marta Barcelos (Mediação)/ Anna Monteiro / Alê Mota
20h30: Posteriormente, SARAU MARTELINHO + Lançamento do Fanzine
21h30: Logo depois, Pocket Show – Socorro Lira
22h30: Evoeros – Sarau Erótico
DIA 29/7
10h30 – Enfim, Roda de conversa “Mulher Alfa e Pluralismo Feminino”.
Cristiana Xavier de Brito (Mediadora) / Teka Vendramine/ Juliana Borges/ Joice Berth/ Silvio Almeida.